Lá vem ele tropeçando na calçada
Garrafa na mão e a mente embriagada
Abrindo a porta, a loja inteira sente,
O cheiro de cachaça chega antes do cliente.
“Quebrou de novo”, ele diz com um sorriso,
Mostrando a tela que reflete o prejuízo.
Mas não é só vidro, é mais profundo o problema
Uma ferida no peito, que o gole não emenda
Tela quebrada, Vida trincada,
Procura solução e não encontra nada.
Bebe pra esquecer o peso da jornada,
Amanhã tá de volta com a alma remendada.
Cada queda é desculpa
Cada drink, um alívio
Um brinde ao esquecimento
Um brinde ao improviso.
O celular cai, como cai o sujeito,
E eu tento consertar o que não tem mais jeito
Ele fala da ex, do emprego, da sorte,
Mas nunca encara o problema mais forte.
Trocar a tela é o de menos, eu diria,
Se fosse tão simples como trocar sua vida.
Tela quebrada, vida trincada,
Procura solução e não encontra nada.
Bebe pra esquecer o peso da jornada,
Amanhã tá de volta com a alma remendada.
Fico pensando, será que vale a pena?
Ele é só um reflexo de uma vida pequena?
Talvez todo mundo tenha um pouco dessa dor,
Procurando conserto do que não tem mais valor
Tela quebrada, vida trincada,
Procura solução, mas não encontra nada.
Bebe pra esquecer o peso da jornada,
Amanhã tá de volta com a alma remendada.
Ele se vai, tropeçando na calçada,
Deixando a marca da vida desajustada.
Eu fico aqui, com as peças na mão,
Tentando consertar o que não tem solução