No limiar da vida, no instante final
No último segundo, um grito animal,
Resolvi que queria, mas já era tarde,
Carrego a cicatriz da fome e da sede.
Em cada passo um grito, um lamento sagrado,
Nesse chão que me pisa, eu sou o cansaço
“Ser ou não ser” não é mais a questão:
- Permanecer, por que, então?
E a vida me engana, e o tempo me come
Sou ave de rapina, sou folha sem nome
No minuto que resta, eu tento vencer
Mas morro de novo, e de novo, e de novo tentando sobreviver
Cada tropeço é um canto, cada ferida é uma canção,
A pele marcada, a passagem dos anos cravada no chão,
E a vida me espera no abismo de pedra.
Sinto o peso dos anos, as dores, os choros,as preces
E no último instante - quem sabe? - um pouco de fé
Pra dizer \"acabou\", mas recomeça o que é
Mas, sempre recomeça o que é...