Tuas paredes são de ouro, mas o chão é de poeira
Teu altar é tão brilhante, mas a alma é prisioneira
Quem carrega a cruz pesada nem sempre tem oração
Pois o pão da tua mesa não alcança o coração
Quantos santos se esquecem dos menores que aí estão
Quem divide o pouco tem mais luz na escuridão
Tua igreja não é santa mais do que quem clama por nome
Pois maior que a prece é quem divide o pão com a fome
Nem o sino mais sagrado pode apagar o clamor
Se a fé não se traduz no abraço ao sofredor
A palavra ecoa forte, mas os ouvidos estão surdos
O céu promete riquezas, mas os pobres vivem mudos
Quem planta fé na terra seca esquece o que é raiz
Pois a fome é o templo onde Deus é quem mais chora e diz
Quantas almas pereceram esperando a compaixão
Mas o altar de mármore nunca estende a mão
Tua igreja não é santa mais do que quem clama por nome
Pois maior que a prece é quem divide o pão com a fome
Nem o sino mais sagrado pode apagar o clamor
Se a fé não se traduz no abraço ao sofredor
Santos de pedra não sangram, mas os pequenos choram
A mesa está tão farta, enquanto as vidas imploram
Hoje o verdadeiro milagre não é multiplicar o pão
É dividir com quem a sorte lhe disse não
Tua igreja não é santa mais do que quem clama por nome
Pois maior que a prece é quem divide o pão com a fome
Nem o sino mais sagrado pode apagar o clamor
Se a fé não se traduz no abraço ao sofredor.